sexta-feira, 10 de maio de 2013


Audiências da fase de instrução do processo sobre o assassinato do jornalista entraram em seu quarto dia (Foto: Flora Dolores/O Estado)
Audiências da fase de instrução do processo entraram no quarto dia (Foto: Flora Dolores/O Estado)
"Se eu tivesse medo de morrer pelo que eu escrevo, eu não seria jornalista". A frase, dita por Décio Sá, foi revelada por uma das testemunhas que prestaram depoimento na quinta-feira (9), no quarto dia de audiências da fase de instrução do processo sobre o assassinato do jornalista.
Amigo íntimo da vítima, a testemunha, um político de Barra do Corda, MA, contou que foi assim que Décio respondeu quando perguntado se ele não tinha medo de ser morto por causa das postagens polêmicas em seu blog. O político foi relacionado como testemunha porque falou ao telefone com o jornalista minutos antes dele ser assassinado, por volta de 22h30 do dia 23 de abril do ano passado.
Policiais civis acusados do assassinato de Décio Sá (Foto: Diego Chaves/O Estado)Policiais civis acusados no assassinato de Décio
Sá (Foto: Diego Chaves/O Estado)
Um policial civil, colega de trabalho dos policiais acusados de participação Alcides Silva e Joel Durans, também prestou depoimento. Além dele, um parente e um conhecido de Fábio Bochecha, um ex-funcionário de Ronaldo Ribeiro, um político de Serrano do Maranhão um comerciante conhecido de Gláucio Alencar e um delegado da Polícia Federal do Maranhão (PF-MA) também falaram em juízo.
O teor dos depoimentos esteve relacionado ao assassinato do empresário Fábio Brasil, também conhecido como Júnior Foca; postagens de Décio Sá sobre uma família de políticos de Barra do Corda; o funcionamento do esquema de agiotagem supostamente encabeçado por Glaúcio Alencar e José Miranda; além de relações comerciais entre os acusados.
Foram oito testemunhas de 11 relacionadas pelo Ministério Público do Maranhão (MP-MA). Segundo o promotor Luís Carlos Duarte, as outras três foram dispensadas. Entre elas, estava a esposa de Glaucio Alencar, acusado de ser o mandante do assassinato junto com o pai, José Miranda.
Juiz Márcio Castro Brandão (Foto: Diego Chaves/O Estado)Juiz Márcio Castro Brandão preside audiências
(Foto: Diego Chaves/O Estado)
O juiz Márcio Castro Brandão, que responde pela 1ª Vara do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), determinou abertura dos trabalhos por volta de 9h20, encerrando as atividades às 12h05. Ao todo, 55 pessoas foram arroladas para prestar depoimento nesta etapa do processo, que ocorre entre os dias 6 e 24 de maio, no Fórum Desembargador Sarney Costa, emSão Luís. Até o momento, 26 depoentes já falaram em juízo. Na segunda-feira (12), começam a ser ouvidas as testemunhas relacionadas pela defesa.
Terceiro dia
Na quarta-feira (8), foram ouvidas seis das 10 testemunhas relacionadas. Uma passou mal e outras três foram dispensadas pelo MP-MA. Júnior Bolinha compareceu pela primeira vez às oitivas. Com medo de ser reconhecida pelo assassino e por um dos acusados, uma testemunha pediu para vestir a balaclava, um capuz preto que encobre o rosto. O juiz Márcio Brandão permitiu o acompanhamento da imprensa. Gláucio Alencar cumprimentou os jornalistas e declarou ser inocente. O advogado dele, Adriano Cunha, revelou que o perito Ricardo Molina, da Unicamp, foi contratado para avaliar se houve fraude nas escutas telefônicas constantes no inquérito policial.
Segundo dia
Na terça-feira (7), foram ouvidas seis das 10 testemunhas listadas. Uma delas não compareceu à audiência e outras três foram dispensadas pelo MP-MA. Depuseram jornalistas e blogueiros conhecidos de Décio Sá, além de um vereador de São Luís.
Primeiro dia
Na segunda-feira (6), somente seis das 10 testemunhas arroladas foram ouvidas. Uma delas foi dispensada pelo MP-MA e outras três não foram localizadas. O advogado de Ronaldo Ribeiro, Aldenor Rebouças Júnior, pediu o adiamento das audiências e apresentou habeas corpus concedido pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), assinado pelo desembargador Raimundo Nonato de Souza. O juiz Márcio Brandão não aceitou os argumentos da defesa e decidiu desmembrá-lo do processo para evitar que os depoimentos de todas as testemunhas fossem adiados.
Fase de instrução
Até sexta-feira (10), somente testemunhas de acusação devem ser ouvidas. A segunda semana de audiências será reservada às testemunhas de defesa e, na terceira, os acusados do processo devem ser interrogados. Terminada a fase de instrução, o MP-MA terá que apresentar alegações finais sobre cada um dos acusados. Feito isto, o juiz vai determinar se eles vão a júri popular. Caso contrário, os acusados podem ser absolvidos.


Décio Sá acompanha sessão na Assembleia
Legislativa (Foto: Arquivo/Jornal O Estado)
Entenda
Décio Sá foi atingido por cinco tiros quando estava em um bar na Av. Litorânea, em São Luís, por volta das 23h do dia 23 de abril do ano passado. O jornalista, que trabalhava na editoria de política do jornal O Estado do Maranhão e era responsável pelo Blog do Décio, morreu na hora.
De acordo com a polícia, Décio foi morto porque teria publicado em seu blog informações sobre o assassinato do empresário Fábio Brasil, envolvido em uma trama de pistolagem com os integrantes de uma quadrilha supostamente encabeçada por Glaucio Alencar e José Miranda, suspeitos também de praticar agiotagem junto a mais de 40 prefeituras no estado
Clarissa CarramiloDo G1 MA

0 comentários:

Postar um comentário